quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014





Head away from the years
You're on the price list
Head away from the years
You're on the price list
Head away from the years
You're on the price list

Everything will stop your new changing
The grid will be filled
Go to Scotland no obligation
We'll send you an invitation
We'll send you an inside shower
We'll send you an inside shower

It's on the market
You're on the price list
It's on the market
You're on the price list
It's on the market
You're on the price list

In the spring who can say?
Please send me evenings and weekends
Shared by with the weeks
Please send me evenings and weekends
Please send me evenings and weekends
Please send me evenings and weekends

Please send me evenings and weekends

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014


PARQUE DO INGÁ








FOTOGRAFIA E CINEMA DADAÍSTA: Trecho do filme Entreato. René Clair.



optical art


ESCULTURA NO DADAÍSMO: Um rumor secreto. Marcel Duchamp.


a antiarte


PRIMEIRO MANIFESTO DADÁ



Hugo Ball

Como conquistar a eterna bemaventurança? Dizendo Dadá. Como ser célebre? Dizendo Dadá. Com nobre gesto e maneiras finas. Até à loucura, até perder a consciência. Como desfazer-nos de tudo o que é enguia e dia-a-dia, de tudo o que é simpático e linfático, de tudo o que é moralizado, animalizado, enfeitado? Dizendo Dadá. Dadá é a alma-do-mundo, Dadá é o Coiso, Dadá é o melhor sabão-de-leite-de-lírio do mundo. Dadá Senhor Rubiner, Dadá Senhor Korrodi, Dadá Senhor Anastasius Lilienstein.
Quer dizer, em alemão: a hospitalidade da Suíça é incomparável, e em estética tudo depende da norma.
Leio versos que não pretendem menos que isto: dispensar a linguagem. Dadá Johann
Fuchsgang Goethe. Dadá Stendhal. Dadá Buda, Dalai Lama, Dadá m'Dadá, Dadá m'Dadá, Dadá mhm'Dadá. Tudo depende da ligação e de esta ser um pouco interrompida. Não quero nenhuma palavra que tenha sido descoberta por outrem. Todas as palavras foram descobertas pelos outros. Quero a minha própria asneira, e vogais e consoantes também que lhe correspondam. Se uma vibração mede sete centímetros, quero palavras que meçam precisamente sete centímetros. As palavras do senhor Silva só medem dois centímetros e meio.

Assim podemos ver perfeitamente como surge a linguagem articulada. Pura e simplesmente deixo cair os sons. Surgem palavras, ombros de palavras; pernas, braços, mãos de palavras. Au, oi, u. Não devemos deixar surgir muitas palavras. Um verso é a oportunidade de dispensarmos palavras e linguagem. Essa maldita linguagem à qual se cola a porcaria como à mão do traficante que as moedas gastaram. A palavra, quero-a quando acaba e quando começa.
Cada coisa tem a sua palavra; pois a palavra própria transformou-se em coisa. Porque é que a árvore não
há-de chamar-se plupluch e pluplubach depois da chuva? E porque é que raio há-de chamar-se seja o que for? Havemos de pendurar a boca nisso? A palavra, a palavra, a dor precisamente aí, a palavra, meus senhores, é uma questão pública de suprema importância.

Zurique, 14 de Julho de 1916

impressions


A pintura deve registrar as
tonalidades que os objetos adquirem
ao refletir a luz solar
num determinado momento,
pois as cores da natureza
se modificam constantemente,
dependendo da incidência da luz do sol.

mantendo minha fama de mau.....


Skova e máfia!


sábado, 8 de fevereiro de 2014

JIMI HENDRIX’S RECORD COLLECTION

The big Lebowski

toulouse lautrec

Cadeira Bowl de Lina Bo Bardi

O livro invisível de William Burroughs

Floriano Martins (Brasil, 1957). Poeta, editor, ensaísta, tradutor. Coordenador geral do Projeto Editorial Banda Hispânica. Estudioso do surrealismo, sendo autor de livros sobre o tema, incluindo a única antologia existente que abrange a produção poética do surrealismo em todo o continente americano (Monte Ávila Editores, Venezuela, 2007). Curador da Bienal Internacional do Livro do Ceará (2008). Professor convidado da Universidade de Cincinatti (Ohio, Estados Unidos, 2010). Contato: floriano.agulha@gmail.com.
(Noite fria de 11 de agosto de 1999. Teatro da Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo. Em continuidade ao Ciclo de Palestras “Os limites da literatura: autores rebeldes, excêntricos, marginais, malditos”, tem lugar a leitura dramática de O livro invisível de William Burroughs, uma colagem de textos de William Burroughs e Floriano Martins, realizada por este último. Os atores que participam são Graça Berman (BURROUGHS 1), Pascoal da Conceição (BURROUGHS 2), Claudio Willer (BURROUGHS 3), e Floriano Martins(CONFERENCISTA). Palco às escuras. No canto direito acende-se a luz de uma luminária sobre uma mesa tomada de papéis, garrafa de vinho, copo, cinzeiro. Nela se encontra sentado o CONFERENCISTA a remexer nos papéis. Acende um cigarro, põe vinho no copo, bebe. Enquanto isto vão entrando BURROUGHS 2 e BURROUGHS 3, usando chapéu e sobretudo, pegando duas cadeiras espalhadas e sentando na outra extremidade do palco. CONFERENCISTA segue arrumando seus papéis, como se nada estivesse acontecendo ao seu redor. De um ponto à esquerda da platéia ouve-se a voz de BURROUGHS 1, compassadamente. Durante todas as cenas, sua voz será ouvida de distintos lugares da platéia.) BURROUGHS 1 Não há nenhum outro lugar para se ir O teatro está fechado Cortem linhas de música Não há nenhum outro lugar para se ir O teatro está fechado Cortem linhas de palavra Esmaguem as imagens de controle Esmaguem a máquina de controle (BURROUGHS 2 inicia um diálogo com BURROUGHS 1. CONFERENCISTA permanece arrumando seus papéis.) BURROUGHS 2 Sim, a vida é um corte. Toda vez que você caminha rua abaixo, ou mesmo olha pela janela, sua consciência é continuamente cortada por fatores fortuitos. Tento tornar isto explícito cortando palavras. Esta é a minha teoria sobre arte. A arte está alertando o homem sobre si mesmo, ressaltando os fatos atuais da percepção. BURROUGHS 1 Mas diga-me, meu caro Burroughs, acaso a capacidade de ver o que temos à frente é uma forma de escapar da imagem-prisão que nos rodeia? BURROUGHS 2 Decididamente, sim. Porém muito pouca gente tem esta capacidade, e cada vez serão menos, conforme passe o tempo. BURROUGHS 1 Por que? BURROUGHS 2 Por uma razão: a absoluta barreira de imagens a que estamos submetidos acabará por nos embotar a todos. Recorde, em comparação, que há cem anos havia poucas imagens. As pessoas viviam em um cenário mais simples, em um meio ambiente camponês, tropeçavam em poucas imagens, e essas poucas eram vistas com bastante clareza. Porém se alguém é bombardeado, sem descanso, com a propaganda inscrita nos caminhões ou táxis que passam… BURROUGHS 1 …com as imagens da televisão e dos jornais… BURROUGHS 2 …sim, com as imagens da televisão e dos jornais, esse alguém acaba embotado. Forma-se uma névoa permanente diante dos olhos e já não se vê nada. BURROUGHS 1 E o que se deveria ver? BURROUGHS 2 Que não há nada interposto entre uma pessoa e a imagem. Um granjeiro vê suas vacas de verdade: vê o que tem diante de si e o vê bem claro. Não é um problema de hábito: o problema é que algo se coloque entre alguém e a imagem, de tal forma que o impeça de vê-la. Não quero dizer que o granjeiro tenha nenhum tipo de identificação mística com a vaca, mas sim que sabe quando a vaca não está bem. Ele sabe tudo o que se refere à vaca, a forma com que a vaca lhe é útil e como se encaixa em seu meio ambiente. BURROUGHS 1 Todo esse desejo de clareza não entra em conflito com as infinitas possibilidades exploratórias de teu método de criação? BURROUGHS 2 Quando a gente fala de clareza na escritura, de uma forma comum, refere-se à trama, à continuidade, à apresentação, ao nó e ao desenlace, à adesão a uma ordem lógica. Porém as coisas não ocorrem por acomodação a uma ordem lógica. Nenhum escritor que pretenda aproximar-se do que verdadeiramente ocorre na mente humana e no corpo de seus personagens pode restringir-se a uma estrutura tão arbitrária como a ordem lógica. Joyce foi acusado de ser ininteligível, e note que se limitava a apresentar apenas um nível de fatos mentais: o monólogo consciente sub-oral. Penso que é possível criar acontecimentos polinivelados e personagens que o leitor possa compreender comprometendo seu ser orgânico. (O diálogo é interrompido pela voz de BURROUGHS 3, à direita.) BURROUGHS 3 A estrada é tortuosa e improvável. A passagem hoje fácil é a ratoeira de amanhã. O caminho óbvio, a maior parte das vezes, é o caminho dos tolos. E cuidado com os caminhos do meio, os da moderação, do bom senso e do cauteloso planejamento. Contudo, isso não quer dizer que não haja sempre tempo para a moderação, o bom senso e o planejamento. Pode-se afirmar que qualquer plano de imortalidade que não dependa do prolongamento da vida do corpo físico, do seu remendo e conserto, como se faz com carros antigos, é a pior forma de planejamento que existe. É como apostar em um favorito e dobrar a aposta quando ele perde. Em vez de uma pessoa se separar do corpo, a pessoa passa o tempo a afundar em seu próprio corpo, tornando-se assim cada vez mais dependente dele: dependente de cada respiração roubada aos pulmões transplantados, de cada ejaculação do renovado falo, de cada excreção dos intestinos novos. Só que o caminho das transplantações atrai idiotas que se fartam. Assim é que são muito poucos os peregrinos que chegam vivos à cidade da Última Oportunidade. Preguiça, indulgência, álcool, vícios de toda ordem, velhice, estupidez, tudo isso são obstáculos. Mas a falta de uma coragem especial é a principal barreira, a única que é insuperável: a coragem de enfrentar o opositor, o inimigo final. Sem tal coragem, nunca se chega à Última Oportunidade. Nem se consegue voltar ao princípio. E para se sair da Última Oportunidade é necessário ser o vencedor de um duelo travado até à morte. BURROUGHS 1 Quem fala? BURROUGHS 2 O que diabos importa? BURROUGHS 1 Quantos de vocês estão aqui? BURROUGHS 2 O que diabos importa? BURROUGHS 1 Quantos? BURROUGHS 2 Nem se consegue voltar ao princípio. BURROUGHS 3 Nós, poetas e escritores, somos muito arrumadinhos. Desaparecemos nas noites de vaga-lumes, um passeio e um apito de trem ao longe. Vivemos dentro da empregada que descasca um ovo cozido para alguém convalescente há muito curado. Vivemos no último e no maior dos sonhos da humanidade. BURROUGHS 2 O que diabos importa? BURROUGHS 1 Quem fala? BURROUGHS 3 Eu vivia em um quarto no bairro nativo de Tânger. Não tomava banho havia um ano, nem trocava minhas roupas ou as tirava do corpo, exceto para espetar uma agulha de hora em hora na carne de madeira fibrosa e cinzenta do vício terminal. Nunca limpei ou espanei o quarto. Caixas de ampolas vazias e lixo se empilhavam até o teto. Luz e água tinham sido cortadas havia tempo por falta de pagamento. Eu não fazia absolutamente nada. Conseguia olhar para a ponta dos meus sapatos por oito horas seguidas. Só me movia quando terminava a provisão de droga. Se um amigo ia me visitar, eu ficava sentado, sem me importar que ele tivesse entrado no meu campo visual, ou que saísse dele. Se morresse ali, na minha frente, eu ficaria a olhar para o meu sapato, à espera de poder revistar seus bolsos. Você não? Pois eu nunca tinha droga suficiente. Ninguém jamais tem. BURROUGHS 2 Eu estava simplesmente pronto para me acabar. BURROUGHS 1 Alguém raramente aparecia? BURROUGHS 2 Tolo. BURROUGHS 3 O que restava para ser visitado? BURROUGHS 2 O que diabos realmente importa? (Apagam-se as luzes sobre as duas cadeiras, enquanto no centro do palco, mais ao fundo, um filete de luz incide sobre um caixote no qual se encontra um boneco de ventríloquo. Ouve-se então a voz de WB, em off, lendo “T’ ‘ain’t no sin”. Enquanto isto BURROUGHS 3 perambula por todos os lados do palco, imitando com deboche o jeito de WB ler. Ao final do poema, ouve-se sua própria voz, relendo o poema de maneira bastante caricatural. Ao concluir a leitura, retorna a seu lugar.) (T’ ‘AIN’T NO SIN) When you hear sweet syncopation And the music softly moans T’ ‘ain’t no sin to take off your skin And dance around in your bones When it gets too hot for comfort And you can’t get an ice cream cone T’ ‘ain’t no sin to take off your skin And dance around in your bones Just like those bamboo babies Down in the South Sea tropic zone T’ ‘ain’t no sin to take off your skin And dance around in your bones (NÃO É PECADO) Quando você escutar tão doce síncope E a música lamentar-se suavemente Não é pecado arrancar sua pele E dançar ao redor de seus ossos Quando ficar muito quente e desconfortável E você não conseguir um sorvete de casquinha Não é pecado arrancar sua pele E dançar ao redor de seus ossos Assim como aqueles agitados garotos Na área tropical dos mares do sul Não é pecado arrancar sua pele E dançar ao redor de seus ossos (Apaga-se a luz, permanecendo acesa apenas a luminária sobre a mesa. Tem início a primeira parte da conferência. Quando da leitura dos trechos entre parênteses, BURROUGHS 2 se movimenta em seu lugar como se fosse ele que estivesse falando. Durante toda a conferência será projetado um vídeo com uma montagem de alguém escrevendo, recortando, colando textos e imagens, exceto durante os trechos entre parênteses quando o foco do projeto é coberto por uma mão.) CONFERENCISTA O que se passa em sua mente? Nada comparável a isso. As idéias distintas que podemos ter acerca do mesmo símbolo. Duas ou mais noções da origem de um mesmo objeto. Descartes havia chamado a atenção para as idéias do sol que podemos ter em nossa mente, ou seja, as idéias acidentais e as idéias conceituais, criadas a partir de algumas noções que trazemos inatas em nós. (Descobri que quando estou preparando uma página de meu álbum de recortes, quase invariavelmente sonho à noite com alguma coisa relacionada a essa justaposição de palavra e imagem. Na verdade, o sonho não passa de certa justaposição de palavra e imagem. Em outras palavras, tenho me interessado precisamente pela movimentação de palavra e imagem em linhas de associação muito, muito complexas. Faço uma porção de exercícios naquilo que chamo de viagem no tempo, tomando coordenadas, tal como o que fotografei no trem, o que eu estava pensando naquele momento, o que estava lendo e o que escrevi. Tudo isso para ver o quanto eu consigo me lançar de volta, completamente, naquele determinado ponto do tempo.) Segundo a astronomia, não existe matéria nova no universo, estando todas as formas constituídas dos mesmos elementos já conhecidos por todos nós. O que vale para classificar as estrelas talvez possa ser igualmente útil para entender a mente humana. (Os álbuns de recortes e a viagem no tempo são exercícios para expandir a consciência, para me ensinar a pensar em blocos de associação mais do que em palavras. Recentemente passei um tempo estudando sistemas hieroglíficos, o egípcio e o maia. Todo um bloco de associações… bum!… assim! As palavras – pelo menos do jeito que as usamos – podem ser obstáculos ao que chamo de experiência incorpórea. Já é tempo de pensarmos em deixar o corpo para trás.) Se eu retorno a distantes ambientações de minha memória, percebo formas idênticas à que concebo hoje, vibrando em um mesmo ritmo, o que certamente me permite especular sobre as formas que um dia conceberei como aparentemente novas. (O que quero fazer é aprender a ver mais o que está lá fora, a olhar para fora, atingir tanto quanto possível uma completa percepção do que nos cerca. A maioria das pessoas não vê o que está acontecendo à sua volta. Esta é a minha principal mensagem para os escritores: pelo amor de Deus, mantenham seus olhos abertos. Percebam o que está acontecendo à sua volta.) A criação artística alcança um estágio além do pessoal, porque depende de um processo de ordenação que é principalmente inconsciente e, portanto, não desejado deliberadamente pelo artista. O fato da criação artística ser um produto do cérebro, isto não significa que deva ser voluntária. O cérebro opera de uma maneira misteriosa que não está sob o controle voluntário. Às vezes devemos deixá- lo em paz para que funcione ao máximo. (Se Nova Express é um cut-up de muitos escritores? Joyce está lá. Shakespeare, Rimbaud, alguns escritores de quem as pessoas não ouviram falar, alguém chamado Jack Stern. Há Kerouac. Não sei, quando você começa a fazer essas dobraduras (fold-in) e recortes (cut-up), você perde a conta. Genet, claro, é alguém que admiro muito. Mas o que ele está fazendo é prosa clássica francesa. Ele não é um inovador verbal. Também Kafka, Eliot; e um dos meus favoritos é Joseph Conrad. E Richard Hughes. Quem mais? Espere um minuto, vou checar os meus livros de coordenadas para ver se há alguém que esqueci.) Haveria então uma lei da causalidade, o que fundamentaria a noção de unidade orgânica do universo. O recorte de um cérebro ou de uma estrela não se distinguiria pela substância de que é feito, mas sim pelo movimento que proporcionaria a tudo que estivesse à sua volta. (Esse não é o modo como ocorrem as coisas. Sinto que a construção aristotélica é uma das grandes algemas da civilização ocidental. Os cut-ups são um movimento em direção à derrubada disso.) Os arquétipos que o poeta concebe durante seus sonhos ou estados de possessão provêm de seu próprio inconsciente, e tornam-se conscientes ao perceber, escrever ou recordá-los. (As pessoas me dizem, “Ah, é tudo muito bom, mas você o conseguiu por cut-up”. Digo que isso não tem nada a ver, como eu consegui. O que é qualquer texto senão um cut-up? Alguém tem que programar a máquina, alguém tem que fazer o cut-up? Lembre-se de que primeiro fiz uma seleção. De centenas de sentenças possíveis que poderia ter usado, escolhi uma.) Como arrancar de cada coisa o julgamento que lhe afirma um sentido único, uma espécie de dimensão funcional? A suspensão do juízo seria uma maneira pertinente de ver uma coisa sem perceber outra, ou seja, de igualar visão e percepção. No entanto, o homem optou por sobrecarregar cada coisa de um sem número de sentidos, uma espécie de acumulação obsessiva de sentidos. O que pode ser visto como um novo desafio para a imaginação: restaurar o sentido original de cada coisa, soterrado sob demãos e demãos de idéias acidentais e conceituais. (...)

Fotógrafo volta para casa em busca do 'batimento' das maiores prejudicadas de Detroit: as pessoas

O fotógrafo Dave Jordano nasceu e cresceu em Detroit, Estados Unidos. Gastou grande parte do seu início de carreira documentando a arquitetura da cidade e a população no começo dos anos 1970. Quase 40 anos depois, décadas após ter se mudado da cidade, Jordano retorna com imagens fascinantes da sua cidade natal. Fotógrafos foram descendo a cidade para documentar as casas queimadas, ruas vazias e fábrica abandonadas que dão um ar de passado para a cidade de Detroit.
Em 2010, Jordano decidiu retornar para Detroit e olhar com os próprios olhos o que estava acontecendo com a cidade. Ele ficou abismado com o que encontrou. 'Eu fiquei chocado', relembra Jornado. 'Áreas tão familiares na minha memória - Eu não podia acreditar que estava vendo aquilo'. Jornado começou a fotografar os locais que ele havia documentando antes - um projeto de comparação. Porém, dias após entrar em inúmeros prédios abandonados e documentar tudo, o fotógrafo começou a sentir culpa pelo que estava acontecendo. 'Eu estava me sentindo muito mal com tudo isto. Eu pensei: 'Isto não está certo'', relembra Jornado. 'Eu não estava contribuindo em nada, com nenhuma novidade para a história de Detroit. Eu não estava ajudando ninguém a compreender melhor tudo que estava acontecendo com a cidade'. Após virar suas lentes para o declínio da cidade, Jordano decidiu procurar por 'sinais de vida', a Detroit dos moradores que estavam sobrevivendo apesar de todos os probelmas econômicos. Ele começou a dirigir pela cidade, entrando em vizinhaças que pareciam uma zona de guerra, olhando por pessoas. E ele encontrou um novo tema: 'Detroit: Unbroken Down', uma série de retratos dos moradores da cidade em locais famosos e que estão sem função. Seus retratos incluem todos os moradores pobres, que vivem em condições precárias em bairros arruinados. É um momento muito complicado para quem mora na cidade, já que as circustâncias são péssimas. Porém, ainda existe vida em Detroit. Nos últimos três anos, Jordano retornou 25 vezes para Detroit. Segundo o fotógrafo, este virou um projeto pessoal, tentar resgatar estas pessoas que ainda vivem em Detroit. 'A cidade ainda tem um batimento cardíaco', afirmou Jordano. (Fotografia de David Jordano)