sábado, 7 de julho de 2012

COMBUSTÃO HUMANA ESPONTÂNEA





 

            Mesmo que eu me cale, as palavras continuarão me invadindo. Palavras sopradas, inoculadas, jogadas de todos os lados prosseguirão seu trabalho persistente de inflar a alma. O mero silenciamento não é capaz de deter o processo, tão natural quanto qualquer outro, em que as palavras se misturam à vida dando origem a um sujeito inchado e combustível. Se eu fechar a boca, paralisar os dedos, conter-me, apenas adiarei a explosão inevitável. Sem contar que as palavras não decantam como matéria inerte num canto escuro de você. Brisa cheia de dentes remoendo as sensações, água-viva queimando a mente, matéria inflamável na alma –                        deus azul inexistente, me ensine a arte sutil das metamorfoses.


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