sábado, 9 de março de 2013

quarta-feira, 6 de março de 2013

Mas para sorrir, superando o desespero, é preciso ser criativo.

I`m Nobody!


Eu não sou Ninguém! E tu, quem és?
Tu és Ninguém Também?
Então formamos um par? Mas... cuidado!
Não fales, porque se souberem... Que estrago!
Como é chato ser Alguém!
Ser tão famoso como um Sapo
Que passa o mês de junho todo a coaxar seu próprio nome
Diante de um embasbacado Charco!


Emily Dickinson

LIVRO DO DESEJO




Não consigo superar as colinas
O sistema foi abaixo
Vivo de comprimidos
Coisa que agradeço a D--s

Segui o trajecto
Do caos à arte
Desejo o cavalo
Depressão a carruagem

Naveguei como um cisne
Afundei-me como uma rocha
Mas o tempo passou há muito
Pelas minhas reservas de riso

A minha página era demasiado 
branca
A minha tinta era demasiado fina
O dia não quis escrever
Aquilo que a noite rabiscara

O meu animal uiva
O meu anjo aborreceu-se
Mas não me é permitida
Uma réstia de remorso

Pois alguém há-de utilizar
Aquilo que eu não soube ser
O meu coração será dela
De uma forma impessoal

Ela pisará o caminho
Perceberá a minha intenção
A minha vontade partida em duas
E a liberdade pelo meio

Por menos de um segundo
As nossas vidas colidirão
O interminável suspenso
A porta de par em par

Então ela há-de nascer
Para alguém como tu
O que nunca ninguém fez
Ela continuará a fazer

Sei que ela vem aí
Sei que ela irá olhar
E esse é o desejo
E este é o livro

Leonard Cohen - Livro do Desejo (edições quasi)
tradução de Vasco Gato


Sylvia Plath


As Pedras
Esta é a cidade onde os homens se consertam.
Repouso num grande leito.
O raso e azul círculo celeste
Voou como o chapéu de uma boneca
Quando abandonei a luz. Entrei
No estômago da indiferença, o armário mudo.
O maior dos almofarizes diminuiu-me.
Tornei-me num seixo imóvel.
As pedras da barriga estavam tranquilas,
A lápide (2) serena, nada a perturbava.
Só a abertura da boca (3) sibilava,
Grilo inoportuno
Numa pedreira de silêncios.
As pessoas da cidade ouviram-no.
Procuraram as pedras, taciturnas e separadas,
A abertura da boca gritava as localizações.
Ébria como um feto
Sugo a polpa das trevas.
Os tubos de alimentação abraçam-me. Esponjas beijam-me e retiram-me os líquenes.
O joalheiro manuseia o cinzel, descerra
E força a abertura de um olho de pedra.
Isto é o pós-inferno: vejo a luz.
Um vento abre a câmara
Do ouvido, esse velho preocupado.
Água apazigua o lábio de sílex,
E a luz do dia derrama a sua monotonia na parede.
Os enxertadores estão alegres,
Aquecendo as tenazes, içando os delicados martelos.
Uma corrente agita os fios
Volt após volt. Pontos remendam-me as fissuras.
Um operário passa trazendo um torso róseo.
Corações enchem os armazéns.
Esta é a cidade das peças sobresselentes.
As minhas pernas e braços enfaixados emanam um doce cheiro a borracha.
Aqui eles recompõem cabeças ou qualquer membro.
Às sextas, as crianças vêm
Trocar os seus ganchos por mãos.
Os mortos deixam olhos para outros.
O amor é o uniforme da minha enfermeira calva.
O amor é o osso e tendão da minha praga.
O vaso, reconstruído, abriga
A rosa esquiva.
Dez dedos moldam uma taça para sombras.
Os meus remendos fazem comichão. Não se pode fazer nada, incomoda, mas
Ficarei como nova.
(2) Trocadilho: head-stone significa lápide e Plath também insinua, “cabeça de pedra”.
(3) Literalmente, é a abertura da boca numa máscara (mouth-hole).

Valari

Queria compartilhar 
com todo mundo que eu gosto 
mas como não posso 

compartilho aqui.

domingo, 3 de março de 2013

"She's my fave
Undressing in thesun
Return to sea - bye
Forgetting everyone
Eleven high
Ride a wave"