sábado, 16 de junho de 2012



MUROS 

Sem piedade e sem pudor, sem dó e sem cuidado
à minha volta espessos muros tão altos quem teceu?
E eis­‑me agora aqui na sorte a que fui dado,
em mais não penso: não me sai da ideia o que aconteceu.
Lá fora há tanto que fazer - tudo ruído!
E, se estes muros construíram, porque não dei por tal?
Não ouvi de pedreiro nem voz nem ruído
E sem saber fiquei fechado, sem vista e sem portal.

Konstantínos Kaváfis 

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